Você já ouviu o dito popular “O que se fala não se escreve”?
Pois é, essa é a mais pura verdade.
A oralidade é descontraída, informal, mas o que é realmente importante é que as pessoas se comuniquem bem no dia a dia.
No entanto, se não tomarmos cuidado, essa informalidade toda acaba interferindo em nossa escrita, principalmente quando precisamos ser avaliados em concursos e vestibulares.
Para ajudar, darei alguns exemplos para você.
Lembra-se desta poesia aprendida na infância?
“Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”, é triste descobrir que a primeira poesia que se aprende já está errada, pois o correto é “Batatinha quando nasce, espalha rama pelo chão”.
Já ouviu alguém dizer “Aquela mulher cozinha mal e porcamente”, “A menina escreve mal e porcamente”?
O que o porco tem a ver com nossas deficiências?
Nada, pois o correto é dizer “mal e parcamente”, já que parco significa escasso, mas, como a maioria das pessoas não sabe o que quer dizer e ouve o errado, continua a falar desse jeito.
Já ouviu também o ditado “Quem não tem cão caça com gato”?
Pois é, ele está errado, uma vez que o certo é “Quem não tem cão caça como gato”, isto é, sozinho.
Outro erro gerado pelo desconhecimento e pela influência da oralidade está na frase “Você é seu pai cuspido e escarrado”.
Preste atenção, pois como uma pessoa pode ser cuspida e escarrada por parecer com outra?
O certo vem de longa data e é “Você é tão parecido com seu pai que parece ter sido esculpido em Carrara”, fazendo referência ao mármore de Carrara usado para fazer esculturas.
Por último, um exemplo clássico de como a oralidade interfere até na criação de alguns nomes.
Eu tive uma professora na Universidade de Brasília (UnB) que escreveu um livro sobre o falar do carioca e descobriu por que razão aqueles guindastes enormes nos portos e que servem para levar containers aos navios são chamados de “camundongo” pelos estivadores.
Acontece que os primeiros guindastes foram trazidos ao Brasil pelos ingleses, que também vieram ensinar os brasileiros a dirigir as máquinas e manuseá-las adequadamente.
Então, falavam “come on” (que significa venha em inglês), a seguir diziam “dowm” (que significa descer)” e logo depois “go” (que significa ir adiante) e diziam isso tantas vezes que como os estivadores ouviam, mas não sabiam o inglês, entendiam “camundongo”, de onde se derivou o apelido dos guindastes que passaram a ser chamados de “camundongos”.
Viram como estamos o tempo todo usando o que ouvimos?
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