Porque junto ou separado? Com acento ou sem acento?
Que confusão!
Quer aprender de vez a usar os porquês? Leia este artigo!
Como sempre, você deve fugir da decoreba, do jeito que aprendeu até agora, e prestar atenção às classes gramaticais, só assim aprenderá a usar os porquês com segurança e não errará mais.
Então, vamos lá.
1. PORQUÊ (junto e com acento) – é sempre um substantivo, por isso pode ser flexionado. Significa o motivo, a razão.
Exemplos:
Os porquês dele são inconsistentes. (Os motivos dele são inconsistentes).
Ele me deu três porquês para justificar sua ausência. (Ele me deu três
motivos para justificar sua ausência).
2. PORQUE (junto e sem acento) – é sempre uma conjunção, ou seja, liga orações. Pode ser tanto uma conjunção subordinativa adverbial causal quanto uma conjunção coordenativa explicativa.
Calma, eu vou explicar a diferença!
1. Para ser subordinativa, tem de indicar causa e tem de haver uma relação
de causa e consequência, por exemplo:
“A cidade inundou, porque choveu muito” – perceba que a
consequência de ter chovido muito foi a inundação da cidade, portanto
há uma clara relação de causa e consequência, o que mostra que essa
conjunção é subordinativa e apresenta circunstância de causa.
É importante ressaltar que nesse caso o uso da vírgula é facultativa, a não
ser que você inverta a oração e escreva:
“Porque choveu muito, a cidade inundou”, com a oração que indica a
causa deslocada, a vírgula passa a ser obrigatória.
2. Para ser conjunção explicativa, é necessário que haja uma ordem ou
uma hipótese. Nesse caso, a vírgula é sempre obrigatória.
Exemplo disso é a frase “Chegue cedo, porque eu preciso trancar a
casa”.
Note que a primeira oração indicou uma ordem (Chegue cedo), logo a
conjunção porque é coordenativa explicativa, pois dá uma explicação
(porque eu preciso trancar a casa).
Mais um exemplo, desta vez com uma hipótese. “Maria deve ter saído,
porque não atendeu à porta”.
Quando eu disse “Maria deve ter saído”, você percebeu que eu não tinha
certeza, ou seja, que eu elaborei uma hipótese?
Por isso, a conjunção inicia uma explicação (Porque não atendeu à
porta).
Ou seja:
Quando for conjunção subordinativa causal, é preciso haver
relação de causa e consequência.
Quando for conjunção coordenativa explicativa, deve explicar uma ordem
ou uma hipótese.
3. POR QUE (separado e sem acento) – pode ser usado em duas situações: advérbio interrogativo e preposição mais pronome relativo.
1. Advérbio interrogativo. Esse é o mais comum.
Posso usar tanto nas interrogações diretas (com sinal de interrogação
explícito) quanto nas interrogações indiretas (em que não há sinal de
interrogação)
Veja os exemplos:
Por que Lucas ainda não chegou à festa? (Interrogação direta)
Ele perguntou por que Lucas ainda não chegou à festa. (Interrogação
indireta)
É importante notar que nesses dois exemplos, o advérbio interrogativo
está antes do verbo a que se refere (Chegar), pois eu quero saber a causa
de Lucas não ter chegado à festa.
No entanto, se eu colocar o advérbio após o verbo a que me refiro, ele tem
de ter acento para dar uma ênfase.
Exemplo: Lucas não chegou por quê? (Interrogação direta)
2. Por (preposição) + Que (pronome relativo) – esse é fácil porque você sempre
poderá substituir por “Pelo qual” e variações.
Exemplo: A estrada por que passei era escura.
(Note que você poderia ter substituído por “pela qual” e escrever “A cidade
pela qual passei era escura”.
Isso ocorre porque a palavra “que” é um pronome relativo que se refere ao
substantivo “estrada” e a preposição “por” ´foi pedida pelo verbo “passar”,
pois quem passa, passa por algum lugar”).
Resumindo:
1 – porquê (junto e com acento) é substantivo;
2 – porque (junto e sem acento) é conjunção subordinativa (quando indicar
relação de causa e consequência) ou conjunção coordenativa (quando
houver ordem ou hipótese);
3 – por que (separado e sem acento) que pode ser advérbio interrogativo ou
preposição mais pronome relativo (substituível por “pelo qual”).
Quer saber mais?
Assista ao meu vídeo no Youtube “Você sabe como usar os PORQUÊS?”
Bom aprendizado.
Um abraço da professora Teresa Cristina.
Bruna não foi a aula hoje porque está doente